up (pixar)"quero encontrar a ilha desconhecida,
quero saber quem sou eu quando nela estiver,
(...) Se não sais de ti, não chegas a saber
quem és"
O conto da Ilha desconhecida, José Saramago (Pag.40)
up (pixar)
Em Casamento Silencioso não faltam sátiras a esse comunismo vulgarizado, como no momento da tentativa de “culturalizar o povo” através do cinema, mesmo num vilarejo sem energia elétrica, ou no modo como partido é caricaturado. Tendo o início e o final do filme se passando no presente o diretor demonstra tentativa de problematizar essa história recente, refletindo sobre o modo que a contemporaneidade lida com suas memórias. 
Sobre imobilidade e movimento em Linha de passe
"A catarse do filme cresce e suavemente explode em um final aberto e altamente lírico... A probabilidade do gol é a própria probabilidade da vida que de tão estanque e injusta faz Dinho repetir 'Anda, anda', como se fosse ordem, vontade maior pelo movimento a todos os outros personagens: a mulher da cadeira de rodas, a mãe ofegante sobre a cama... E por que não do nosso cinema. Cada irmão, anulados nas multidões vomitadas pela cidade, descobre seu meio de impor a visibilidade que tanto precisam. “Você tá me vendo?!”, grita Denis com o motorista ao tirar capacete, enquanto Reginaldo passeia calmo com o ônibus entre os viadutos, rindo de sua proeza."

"As palavras devoram as palavras e deixam você nas nuvens ou na lua. A milhas de distância. Como pode alguém sair do subdesenvolvimento? Ele marca tudo. Tudo (...) Você está só. No subdesenvolvimento nada tem continuidade, tudo é esquecido. As pessoas não são consistentes. Mas você se lembra de muitas coisas, você lembra demais. Onde estão sua família, seu trabalho, sua mulher? Você não é nada, você está morto. Agora começa, Sergio, a sua destruição final."
Nem tudo é desgosto em Agosto... há muita fotografia pra se ver, e eu recomendo as exposições "Legado Sagrado" de Edward Curtis, e "Retratos Yanomami" de Claudia Andujar, ambas no espaço Caixa cultural...

" O que sabes tu sobre a morte (...) Não compreendes que te estou pedindo que me mates, que te estou pedindo vida?"
Pessoas começam a se aglomerar em torno de uma mesa em pleno sábado, no Mam. O debate se inflama, um fala mais alto, pede a palavra, xinga, risadas coletivas saltam, silêncios e cochichos intercalam toda discussão... Logo estava envolvido por aquela baderna, não sabia como, mas já fui me intrometendo com julgamentos voyeurísticos. Toda aquela dinâmica não podia passar despercebida por minha falta-do-que-fazer-da-porra, mas afinal, do que se tratava? Prestei atenção a tantos detalhes, olhares, no entanto nem sabia ainda a razão daquilo. Um pensamento mais rasteiro me levou a achar que poderiam ser estudantes resolvendo crises para uma futura formatura... Outro pensamento mais pretensioso me fez arriscar que se tratava de um grupo jovem de partido político, ou quem sabe evangélico... Não, nada disso se encaixava naquele mundo particular. Aquele anonimato gritante me angustiava! Meu olhar foi buscando outras referências... Um deles usava uma camisa com uma imagem já meio desgastada, fui decifrando, ligando pontos, e percebi que era uma mulher sorridente, com um cara do lado... Uma moça fechou o caderno com a capa colorida, estava de cabeça pra baixo, mas não desisti. Fui lendo lento: C-a-l-y-p-s-o... Normal, mas logo depois ouvi palavras como “show”, “ônibus”, e pra matar um celular chamou com uma guitarrinha que remetia a imagem da capa do caderno. Sim, era o encontro semanal do fã clube do Calypso, e como eu demorei pra perceber. Desde último encontro regional de estudantes de história que não via tamanha contenda. No entanto o nome da vez não era “Marx” ou “Thompson”, e sim, “Joelma, Joelma”. O único momento de consenso foi quando comentaram a respeito do novo comercial do suco
Outro sábado, outro mesa, outro museu, outra reunião. As pessoas se abraçavam, sorriam, conversavam receptivamente, fumavam e tomavam coca. Nenhum suspense. Era reunião do Greenpeace. Estranho a falta de debates, discussões. Ficaram horas desfilantes com camisas com frases de efeito, e depois de algumas horas agradáveis se dispersaram quase como os personagens da malhação depois de uma festa. Só sei que o fã clube do Calypso foi muito mais instigante de acompanhar... E isso o quer dizer afinal? Que o fim está próximo?
Talvez, mas certo é que meu olho é grande.
Fã Clube - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=64005889
Comercial do fresh - http://www.youtube.com/watch?v=Q7WyvWkRh1M&feature=related
Greenpeace - www.greenpeace.org.br