segunda-feira, 30 de março de 2009

Viva o Domingo!

mais um domingo morreu igual:

pessoas torceram pro Brasil ganhar...
gritaram quando saiu um do big brother...
tocaram um pagodinho no playground...

Do lado de cá, mesmo com tanta gritaria,
talvez queria eu manter ele vivo e bonito..
como deve ser!

terça-feira, 24 de março de 2009

tudo bem



Tudo aquilo que passou passou
E eu vou vivendo a vida que eu queria
Todos juntos coração e amor
Brincando pela vida
Seguindo as estrelas do sol
Se eu te encontrar, quando você menos esperar
Olhe pra mim e sinta o que diz meu coração
Siga o som que canta com o vento
Que escuta o seu lamento e te abre o coração
Feche a porta do mal num quarto escuro
E veja tudo se iluminar
Yeah Yeah Yeah Yeah Tudo Bem
Yeah Yeah Yeah Yeah Tudo Bem


- (M u t a n t e s & nós)

segunda-feira, 23 de março de 2009

já fui bonita
juro a deus que já fui bonita
já fui bonita
a mais bonita
mas ai..
certa tarde,
a dor me pegou
sacudiu meu estomago
bagunçou o que parecia tão cotidiano
e eu não mais bonita fui
a dor sacudiu meus ossos
implantou veneno em meus dentes
e eu não podia mais sorrir
eu fiquei ali...
parada
não sabia se corria;
se ficava;
se fingia...
não sabia.
e assim numa tarde qualquer
não fui mais bonita
por: lara

quarta-feira, 18 de março de 2009

Pequeno ensaio sobre a incapacidade II

(um passo de cada dia)
Vinha o Rapaz apressado por aquele caminho tortuoso, junto à noite coberta de nuvens escuras, largando um pingo em seu ombro, lhe prenunciando água... logo a frente uma Moça que parecia bonita, andava rápido temendo quem sabe aqueles que furtam ou machucam... Assustada olhou pra trás e num relance bateu o olhar direto com o do Rapaz... logo após essa troca parece a chuva ter achado a concessão para avançar ao chão, fazendo assim os passos corridos de ambos se alinharem, de modo que quem observasse de longe entendesse que ali estavam uns conhecidos conversando... enquanto que pra eles aquele caminhar beirava o constrangimento, sendo destoado graças a insuportável vontade do rapaz acabar com aquela sensação... “melhor corremos para o ponto..” foi o primeiro pensamento que lhe ocorreu, pois não o melhor, mas não também havia nada de tão mais sublime a falar naquela situação... a moça sorridente respondeu, “e olha que eu sai de casa hoje pensando em trazer minha sombrinha”, eles riram e correram, enquanto ele constatava “sim, é linda...”, logo ali na frente havia uma pequena acolhida para proteger-se, e parados fugindo outra vez de encarar-se frontalmente faziam justamente isso acontecer, claro, querendo sem querer... vieram assim palavras bobas e lépidas sobre o tempo... perceberam o leve suor que saia do pescoço contrastando com a água fria do céu... logo se endireitou um diálogo mais cômodo pros dois... a chuva como veio se foi, e ela disse “pô, aí só pra fazer a gente correr né...”, e ele pensou “só pra fazer a gente se conhecer... talvez...”, em vez disso ele com uma cautela de seres urbanos preocupados com a volta ao lar questionou “seu ponto é o de lá?”, balançou a cabeça que sim, a Moça, e sem mais esperar tanto os pingos cessarem mais um pouco disse ele “a o meu é o de cá, boa sorte”, “valeu”, a Moça sorriu falando... o trepido passo logo lhe fez perceber que havia deixado uma moça sorridente e bonita sozinha... o voltar pareceu-lhe mais ridículo e seguiu tirando da mochila uma casaco mais apropriada ao tempo... Olhando pra trás, e claro, arrependido... “merda, o que fiz?”... chegou ao tal ponto esperar o transporte público habitual... viu logo depois a moça chegar ao seu do outro lado mais a frente... Sentiu-se bobo, envergonhado, mas acabou quase que num espasmo, sorrindo pra si... surgiu em sua cabeça a maior das obviedades, “estou vivo”... pensou como foi bom correr na chuva com uma moça que não conhecia... haveria a Moça romantizado da mesma forma?! Havia chance quem sabe em outra noite reconhecê-la?! Era afinal um idiota?! Não sabia, e isso é que lhe vez de novo sorrir pra si.


Eu digo de outra maneira aquilo que a minha avó disse, já devia estar farta de viver e disse: ‘O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer’. Ela não tinha pena de morrer, ela tinha pena de já não estar no futuro, para continuar a ver esse mundo que ela achava bonito.Saramago

domingo, 15 de março de 2009

Pequeno ensaio sobre a Incapacidade I

Clarice Lispector dizia em um dos seus textos (acho que de “aprendendo a viver”) que não há beleza maior que o momento da inspiração... E eu fico me cutucando atrás desse tal instante supremo, esse momento quando o artista munido do terceiro olho capta no ar a graça do mundo... A rara graça de tornar o ordinário cotidiano passível de contemplação e deleite coletivo... Ultimamente não tenho conseguido escrever, me falta iluminação divina ou será a inspiração apenas o sucesso em transpor pra fora o que nos perturba por dentro? Penso sobre sua existência, os cantos escuros que ela percorre, se eu posso domá-la... Dei uma boa conferida por meus blog’s preferidos, ouvi Mutantes, disse alto um palavrão genial, olhei pra lua e tudo, mas nada de lâmpada amarela piscando sobre minha cabeça. Imagino então Guimarães Rosa tecendo os primeiros fios narrativos de “A terceira margem do rio”, a profundidade de cada personagem, a frase seguinte... Se o resultado já é sublime, imagine também suas crises criativas, aquilo que não conseguia traduzir em palavra, sua reação ao se deparar com sua incapacidade... Deveria ser bem bonito isso também, o que existiu mas que não podemos contemplar.. É quando a vida parece ter em si toda a intensidade que já é também a própria palavra, a literatura, imagem em carne viva tão vermelha que não há como representá-la... Hoje minha falta de inspiração me leva a celebrar toda obra que não foi terminada, publicada, pensada, filmada... Se juntarmos todo esse Nada, talvez percebamos que é a procura incessante que no fundo é a beleza de qualquer arte.


Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe.
Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona,está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar.
Para escrever tenho que me colocar no vazio.
Nesse vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue.
Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavra que digo escondem outras - quais? Talvez as diga.
Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.


“O que salva é escrever distraidamente.”
Clarice Lispector