segunda-feira, 19 de novembro de 2012

atestado de pó

vivo no chão, apegado ao lodo escuro dos cantos...
no chão porque é lugar de origem.
difícil levantar sabendo que vou ter que cair nele de novo.
lembrem-se: são as quedas que sempre chamam atenção.
de tão óbvio, rastejo.
latejo num chão, mágico e imperdoável, que me transforma em traço, risco, detalhe de suas tantas rugas...
pedregoso, com restos de saliva e chiclete, bitucas de cigarro e maça.
também - pobres e podres - não resistiram a insistente sedução da invisibilidade.
sem cordas, fiquei
fiquei de vez, atado ao peso que resta.
abaixo do asco cínico dos passos,
dos altos, olhos, dos seus.

deliro: um dia trepo naquele muro e solto pedras nas epidermes,
verão...  
nem do subterrâneo, nem da exposição, engasgo no pó,
e esquisito e languido atesto, apenas, a existência do chão.
que sorte, as baratas continuarão por perto.

2 comentários:

Chico Gabriel disse...

Poesia,poesia
metáfora,metáfora!!!
Pular o muro!!!

Anônimo disse...

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