terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ressonância (ou sobre a simples dificuldade de perceber)

A rua entra pela janela em movimentos firmes, denunciando a vida lá fora. As folhas de um pé de pau regulam a luz, esta, cambaleando va-ga-ro-sa-men-te rumo ao cômodo da minha insônia. Os pássaros consolam sem cuidado um gato que mia, abandonado.

Eu aqui, fico tonto de tanta coisa capturando minha atenção, carente de sentido. É inútil tentar domar as palavras, quando vêm em revoada, melhor torcê-las do lado avesso. Divago sobre o caminho que percorrem, silenciosas, enquanto esperam pra se derramarem bêbadas, bêbadas de adjetivos.

Uma menina que não conheço me sorri de longe vários sorrisos, me chama pra vê-la dançar num dia nublado na praia. Uma outra menina a quem desejo um bom dia, retribui, e ganha um beijo escondido... Uma terceira me embaralha as ideias, me faz procurar uma estrada pra voltar.

Parece que acabou, mas vou fingir que não. Tem tanta coisa escondida da janela pra fora, mas é só daqui que as enxergo.

por:leo coutinho

4 comentários:

subliterato disse...

Me lembrou isso:
"...não raro eu via, cosendo-me às brechas da paliçada, um trecho do mundo de Deus, lá fora. mas meus olhos me ofereciam sempre a mesma coisa: um trecho mínimo de céu, um barranco íngreme coberto de azinheiras, dia e noite..." (recordações da casa dos mortos - dostoiévski)

Oliveira dende disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Oliveira dende disse...

Quis dizer: fototexto

Sarah disse...

Lindo!