segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A leveza de ser encantado...

foto: Joana Rizério

Resolvi escrever só hoje sobre as crianças, provavelmente querendo contrariar o calendário dos comerciais da tv, que insistem em dizer que existe um dia pra elas. O tempo é mesmo estranho, até momentos atrás eu chorava pra ganhar um presente, lutando contraditoriamente contra uma adolescência peluda, e hoje me vejo bobo admirando a eficiência das risadas, pulos e tropeços infantis. Logo vem a busca nostálgica por lembrar dessa nossa época, de buscar resquícios que vão além das fotografias e vídeos caseiros... De lembrar nosso jeito de se olhar no espelho, se imaginar em grandes campos entre dribles e xingados futebolísticos, de realmente acreditar em viagens mirabolantes para a China, sem barreiras, sem muros pra criar mundos.
Uma amiga falou que queria marcar um encontro com ela criança, só pra ver como ela falava, ria, pensava.. Creio que há literalmente possibilidade de nos aproximarmos desse encontro impossível, principalmente no nosso modo de tratar essas crianças hoje. O que há é uma miniaturização do nosso modo adulto de vida, assim os tais brinquedos infantis simulam uma família de plástico para as meninas, uma corrida de carros para os meninos, impondo todo um cotidiano às crianças apenas de uma maneira mais lúdica e colorida. Todo potencial imaginativo é reduzidos a jogos, celulares, esmaltes e sei lá mais o que eles vendem como brinquedo infantil. Enquanto isso muitas carregam armas verdadeiras pra tentar sobreviver, choram e não são ouvidas, são largadas pelos sinais urbanos, mirabolando modos de nos sensibilizar... Elas estão por aí e dizem tudo sobre o mundo que temos e construímos.
Temos que reinventar nosso olhar e ação sobre elas sem impor ou limitar espaços, deixando-as livres para compor vida e fazer-se admiráveis. Pensemos nelas não só por serem pequenas e bonitinhas, mas por serem nosso modo de se encontrar e se eternizar... sempre...

Para Matheusinho, Maristela, e o guri do primeiro andar (que me lembram o sentido das coisas)

Por: Ramon

9 comentários:

joanarizerio@gmail.com disse...

bravo! que texto mais sentimental, fofo, lindo, adorei. bj

SONHO ESTRANHO disse...

esse texto saiu bem sentimental, fofo, lindo.

subliterato disse...

poxa,entao é né!

Fotos disse...

Tá sentimental, fofo, lindo. Tô brincando. A crítica aos modos sociais comuns no que podemos chamar de burguesia, hoje em dia, foi bastante interessante pois, em contraste ao que parece ser um tom geral para historiadores e aqueles que estudam os aspectos da sociedade, o tom foi especialmente leve, como as coisas boas a que o tema do texto nos remete. Foi uma crítica de criança, no bom sentido da coisa.

subliterato disse...

na verdade ñ sou um quase historiador me fazendo de criança, eu sou um guri me fazendo de quase historiador crítico e sagaz.. (q coisa mais criança esperança do carai..)
E tu paulo que é um grande compositor que esqueçe q escreve bem, principalmente sobre textos dos amigos..

eu? disse...

Pois é, Ramonzito!
Texto lindo... mas algumas vezes as miniaturas são maiores que nós, viu?
Vale ressaltar!
Eu me impressiono com as crianças a cada dia...

bjoo

Taiane Dantas disse...

que fofo! haha *não podia deixar de falar tb né? hehe*
a amiga que queria ver-se criança - eeeeu! XD.
nooossa!agora eu entendi sua agonia pra eu ler esse texto.nossa conversa de sexta,né?hehe Realmente, ver aquelas crianças em seus brinquedos motorizados foi chocante e rendeu.Rendeu até esse texto perfeito! :D adoreeeei!e enfim, acho que tudo que eu tinha pra falar foi dito naquela conversa.
beeeeeeijo! :*

Dudu disse...

Muito bom o texto velho Ramon. Uma viagem nostálgica e sensível ao centro da aflição temporal do homem. Vale lembrar que a infância não está perdida. A vida é um ciclo e a velhice muitas vezes torna-se uma infância com rugas. Até que a morte nos separe!

Paula Janay Alves disse...

Ow, Ramon. Que sensível.
=~~

"Enquanto isso muitas carregam armas verdadeiras pra tentar sobreviver, choram e não são ouvidas, são largadas pelos sinais urbanos, mirabolando modos de nos sensibilizar... Elas estão por aí e dizem tudo sobre o mundo que temos e construímos."

Se eu tivesse um livrinho de citações fodásticas, com certeza essa estaria lá.
;)