Ano que
vem, quando a copa chegar, quando todos estivermos nos estádios e na
frente das TV's de 42 polegadas, presenciaremos um dos maiores
espetáculos da história brasileira recente. O trágico espetáculo
da reafirmação da lógica que nos acostumamos a aceitar: o imenso
lucro de poucos sob prejuízo de muitos. Quando essa história
segregação se repetir e Galvão Bueno narrar “gol !” – pra
qualquer que seja a seleção em campo – será o grito silenciador
de todas as remoções, desapropriações e demolições feitas à
força nas cidades que sediarão o evento. As bandeiras flamejando no
alto, as discussões sobre as escalações e melhores momentos dos
jogos, tudo enfeitando esse processo de esquecimento. E se no fim,
numa tarde quente de domingo, a seleção brasileira levantar o
troféu do título e o país inteiro comemorar vibrando nas ruas,
chorando, bebendo e cantando o hino, encontraremos aí, de modo
épico, as nossas contradições primordiais.
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