segunda-feira, 3 de novembro de 2008

um do outro.

"... ela me encarava sorrindo, com os mesmos olhos que encontrava antes nas manhãs, um olhar que nos conectava e expressava que éramos parte um do outro. É difícil imaginar sensação de maior conforto e serenidade do que esta, que surge da ilusão elaborada de que fazemos parte da vida de uma pessoa a ponto de estarmos verdadeiramente unidos, de tudo estar bem se outro estiver por perto, se apenas nos for dada a chance de saciar os desejos e interesses um do outro, de tolerar um ao outro quando sacrifícios forem necessários e deixar que todo o resto se foda, se destrua e morra, porque não haverá problema. Aquele olhar dela era uma manifestação perfeita dessa ilusão confortadora. Durava pouco, apenas instantes, como qualquer êxtase, mas era eficaz..."

até o dia em que o cão morreu
, Daniel Galera - pág.81

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MeNina disse...

me lembrou uma música do Antunes :)

Anônimo disse...

Uma boa surpresa esse blog!
Eu sempre gosto de olhar quem visitou meu perfil, pra ficar imaginando porquê...
Ai, me aparecem tantas palavras interessantes...
Bem bacana esse trechinho, e outros que eu encontrei por aqui.