segunda-feira, 23 de maio de 2011

Liturgia das horas

Ontem sonhei.
E como no dia em que te vi
Ainda era noite.

Ontem sonhei,
E tinha tudo,
Imagem esquecida,
Na noite
Em que te vi.

Ontem,
A dizer de ti,
Tinha, pelo rosto,
A sua imagem
Antes de partir.

A se dizer de mim,
O cheiro de luto
Vestida pela
Noite carmim,

Ontem,
Conquanto fosse você,
Seria estranho reconhecer-lhe
O dorso.

Apenas o rosto.

Ontem,
Como antes,
Se não houvesse ontem,
Antes mesmo que,

Anteriormente,
Não fosse noite,

Antes mesmo
Que,
Antigamente,
Fossemos nós,
Envelhecidos.

por - francisco gabriel

4 comentários:

MeNina disse...

Uau. Maravilhoso!

(faz tempo que não passo aqui.)

subliterato disse...

poema de memória, de sonho e redenção... bonito né

Hebert Rocha disse...

ótimo poema, não pude deixar de ser transportado a momentos passados, coisas que vez por hora ainda nos assaltam. a poesia, por conter a musica, é refúgio da memória, da existência plena ao lançar novos olhares para estas imagens. publiquem mais textos deste autor, sempre serei feliz em lê-los. abraço!

Anônimo disse...

Gostei dos versos curtos, concordo com o Hubert aí.. quero mais textos desse cara..