sexta-feira, 9 de novembro de 2007

“Inventei a solidão para uso puramente disciplinar, foi com ela que aprendi a criar” (Deus).

Se a ciência, em dias atuais, não estivesse, dentro do nosso ideal de desenvolvimento, tão avançada, o mundo estaria ainda cheio de profetas: de Maomés, Adãos, Evas, Noés, e (me perdoe talvez a possível ofensa, mas imagine que eu tenha falado a seguinte citação de modo tão ingênuo e despercebido) a grande estrela da história universal: Jesus. Porém, o desenvolvimento da tão raciocinada medicina está cruelmente delimitando costumes de pensar e agir. Falando mais romanticamente (e isentando um pouco este texto da linguagem tão direta e burocrática) já nascemos chorando por extrema lamentação até da tradicional maneira de nascer. É verdade que alguns poucos raros não choram, mas para não invalidar o meu argumento, chamo estes de “acomodados de nascença”. Observando mais detalhadamente, somos tão diferentes, mas tão iguais. É um fato totalmente incompreensível! Enfim, a ironia é feita de paradoxos. Não dar “bom dia” a um conhecido ou deixar de levar a maçã da semana para a professora pode ser absurdamente perigoso. E aí somos iguais, tão desinteressantes, onde há novidade nisso? Sem graça. Brotamos rebeldes, revoltados, mas após a primeira satisfação ao beber o leite quentinho da mãe, começamos a nos acostumar com a vida, afinal não vale a pena chorar se o leite vai saciar a fome. Temos olhos grandes quando bebês para que a observação do aprendizado seja mais eficaz. Vamos repetindo os atos e somos, de repente, nós! Um segundo nascimento, a natureza é perfeita (eu quis passar ironia com esta frase, mas como achei que esta não estava assim tão explícita, deixo isso claro)! No meio de tanta igualdade tediosa e da nossa assimilação repetitiva e insistente é que nos fazemos únicos e inimitáveis!

Então criamos, pelo passar dos séculos, a ciência. A ciência é tudo. A dividimos nas matérias da sabedoria. E tudo é ciência. Como se não bastasse o nosso entendimento e interpretação pura e inconscientemente, resolvemos conceituar a dita cuja. A ciência surgiu da ciência, pois foi delimitada (a partir de um conhecimento) por um conceito para que pudesse ser entendida como foi e como é ao passar dos tempos. Porém, é esta muito inteligente, e tem seu ar de vingança. A ciência (perdoe-me repetir a palavra mais uma vez, mas não vejo outra que a substitua e que tenha o mesmo significado, aceito sugestões para mudanças posteriores) mentiu e até hoje mente para o homem, numa brincadeira mutável muito divertida, aflita e muito irritante. O planeta já foi plano, como será amanhã? E os alquimistas, coitados, que passaram todos os anos da vida tentando fazer brilhar dourado os objetos! A Science (só para não repetir em português) é sádica e provou e está provando a todo o momento mais uma vez que é obviamente impossível de conceituá-la! A ciência que há em nossa mente é totalmente manipuladora, dominadora, (absoluta?), concreta... Mas a verdadeira é totalmente livre, mutante (cometi um erro em denominá-la até o que ela é!)... Será que nossa tentativa, a todo instante em nossa vida, é o de torná-la estática, uma só? Uma pergunta é sempre melhor que uma afirmação. Por isso inventamos a “Lei da Infinidade”, que consiste em haver sempre uma ou várias perguntas para cada nova resposta! E foi aí que erramos! Caso seja realmente nosso desejo tornar a scienza (em italiano, só para não repetir em inglês) “estática” e imutável, palpável, não deveríamos ter inventando essa tal “Lei da Infinidade”, as respostas não deviam vir de perguntas, mas sim de outras respostas (sem interrogações no meio)! Tenho certeza de que a primeira pergunta feita no mundo estava bem guardada, lá no fundo, na caixa de pandora. E a partir dessa surgiram todas as infinitas perguntas. Pois então, a ciência é um conjunto de afirmações. Nunca chegaremos ao alvo com as perguntas. Ao escrever esta frase, senti-me traído por mim mesmo e minhas palavras, pois acho impraticável o que acabei de dizer... E é, porque assim fomos treinados.

Criaram também a religião pelo ato da fé como tentativa para chegar a um caminho satisfatório. O primeiro postulado foi logo esperto, pois quem o criou já sabia que a nossa ciência estava toda errada desde antes, e é: fé não se mistura com ciência, religião não lida com a razão. (E a partir daí já foi criado um sistema cientifico de idéias sem nem se dar conta) O segundo, tradicionalmente concebido, tenta fazer o contrário do que tentamos fazer com a ciência (já que os dois não se misturam): evitar as perguntas! Quantas vezes já me decepcionei e me aborreci, na fase de tantas dúvidas sobre a magia da fé cristã, quando perguntava a alguém sobre tal coisa e etc, e me respondiam: “não se pergunte, esqueça as perguntas. Leia a bíblia que você vai entender tudo” A religião praticamente aboliu as perguntas, só chegando à afirmações com a ajuda de afirmações (contidas num livro sagrado). Quem inventou o ato da fé religiosa odiava a nossa ciência e conseguiu, em parte, anular o foco principal da “nossa ciência” (já dito: as perguntas). Pena que, em minha opinião, a religião foi uma ótima idéia, mas que acabou sendo corrompida por outros fatores que não tenho interesse de citar aqui.

Cuidado para não sair demais da linha do que a sociedade nos permite ser, já que somos altamente excludentes. (Posso ter pecado nesta frase, já que muitos não escolhem e até preferiam esta na linha da sociedade) Ser louco não é sair por aí, beber com os amigos e fazer insanidades juvenis. Ser louco é muito mais difícil.
por: vitor gigito

5 comentários:

SONHO ESTRANHO disse...

oxi, do nda o texto aqui!!

Taiane Dantas disse...

simplesmente AMEI!
principalmente as versões de ciência! hueahuaehaeu
não sei se era pra ser mas ficou divertidíssimo, isso ajudou muito pra mim que tava lendo, pois deu uma certa dinâmica e vontade de ir até o fim. XD
realmente, se tem coisa que não combina é ciência e religião. e esse cala boca que a religião tem me irrita muito! não poder indagar é para mim uma das mais eficazes hostilidades,então bye bye religião. por mais que a ciência não explique tudo, pelo menos ela me mostra o que julga verdade, e isso já é muito.
não estatizar é muito mais cabível do que um papel escrito há anos - vale ressaltar que ele foi passado a limpo 9850985095 zilhões de vezes, como num "telefone sem fio" infantil, já dá pra ter uma noção do resultado final,né?
entonces... é o velho dilema... Deus ou Darwin? façam suas escolhas...


Beeeijos! ;*

Taiane Dantas disse...

MIM não lê, EU leio! =x

SONHO ESTRANHO disse...

O resultado final foi uma bela poesia dadaísta!

Eu não quero nem ciência nem religião, eu quero é assistir desenho e ser feliz!

lekineka disse...

gostei do seu texto cronológico mesclando ciência e religião. não vejo muitas diferenças entre os dois não mas... no final senti-me um ser complexo que não tem nenhuma resposta e muitas perguntas. quem sabe um dia os papéis se invertam?? ou se complementem?? mas de uma coisa concordo:
"Ser louco é muito mais difícil."