segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Li na página vinte

E embora não houvesse crianças brincando, nem pombas, nem telhados azuis, senti que o povoado vivia. E que se eu escutava somente o silêncio era porque ainda não estava acostumado ao silêncio; talvez porque minha cabeça viesse cheia de ruídos e de vozes. De vozes, sim. E aqui, onde o ar era escasso, ouvia-se melhor essas vozes. Ficavam dentro da gente, pesadas. Recordei o que minha mãe me dissera: "Lá, você me ouvirá melhor. Estarei mais perto de você. Você irá sentir mais perto a minha voz de minhas lembranças do que a da minha morte, se é que algum dia a morte teve voz". Minha mãe... a viva.


Pedro Páramo, Juan Rulfo

4 comentários:

Gio disse...

acabei de ler.
enlouquecida.

Anônimo disse...

Nego...sinto falta do contato com a Chapada diamantina...qdo eu for, gostaria de dividir essa experiência com alguns amigos...vamos pensar nessa proposta?!
Bj
Bruno Guimarães

subliterato disse...

26 de dez.!

Francisco Gabriel disse...

viva Rulfo!!!