quarta-feira, 15 de abril de 2009

EXTERIOR

Por que a poesia tem que se confinar

às paredes de dentro da vulva do poema?

Por que proibir à poesia

estourar os limites do grelo

da greta

da gruta

e se espraiar em pleno grude

além da grade

do sol nascido quadrado?



Por que a poesia tem que se sustentar

de pé, cartesiana milícia enfileirada,

obediente filha da pauta?



Por que a poesia não pode ficar de quatro

e se agachar e se esgueirar

para gozar

-CARPE DIEM!-

fora da zona da página?



Por que a poesia de rabo preso

sem poder se operar

e, operada,

polimórfica e perversa,

não poder travestir-se

com os clitóris e os balangandãs da lira?


por: Waly Salomão