"... ela me encarava sorrindo, com os mesmos olhos que encontrava antes nas manhãs, um olhar que nos conectava e expressava que éramos parte um do outro. É difícil imaginar sensação de maior conforto e serenidade do que esta, que surge da ilusão elaborada de que fazemos parte da vida de uma pessoa a ponto de estarmos verdadeiramente unidos, de tudo estar bem se outro estiver por perto, se apenas nos for dada a chance de saciar os desejos e interesses um do outro, de tolerar um ao outro quando sacrifícios forem necessários e deixar que todo o resto se foda, se destrua e morra, porque não haverá problema. Aquele olhar dela era uma manifestação perfeita dessa ilusão confortadora. Durava pouco, apenas instantes, como qualquer êxtase, mas era eficaz..."
até o dia em que o cão morreu, Daniel Galera - pág.81
3 comentários:
me lembrou uma música do Antunes :)
Uma boa surpresa esse blog!
Eu sempre gosto de olhar quem visitou meu perfil, pra ficar imaginando porquê...
Ai, me aparecem tantas palavras interessantes...
Bem bacana esse trechinho, e outros que eu encontrei por aqui.
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